Marek Browiński é um blogueiro e jornalista cívico que avalia criticamente as ações das autoridades de Inowrocław. Em 2016, após uma série de comentários desfavoráveis no perfil de Inowrocław no Facebook, ele foi bloqueado. – Desde então, não posso comentar o que as autoridades municipais postam, que muitas vezes são coisas bizarras. Mas fora isso, não posso participar de competições organizadas pela prefeitura, por exemplo. Esta é uma limitação clara dos meus direitos civis – um jornalista disse ao Wirtualnemedia.pl.
Em março deste ano. Browiński relatou seu caso ao Defensor dos Direitos Humanos. Foi solicitado pelas autoridades municipais e em resposta foi escrito que “o grupo de responsáveis pela gestão do perfil já não trabalha na prefeitura, pelo que não é possível indicar um motivo específico para tal ação”. – Só podemos presumir que as disposições dos regulamentos do portal foram violadas Facebookque seguimos – cita a resposta do vice-presidente da cidade, Wojciech Piniewski, do site Pomorska.pl.
– É um equívoco o presidente alegar que a violação das regras do Facebook foi o motivo do meu bloqueio. Afinal, todos sabem que a aplicação dos regulamentos do Facebook é do do portal, não de seu usuário. E o mais importante: nenhum dos meus comentários jamais ofendeu ninguém e não foi relatado ao – comenta Browiński.
Depois de receber esta resposta, a Defensoria dos Direitos Humanos emitiu um parecer no qual se pode ler, entre outras coisas, que “numa situação em que o site (Facebook – nota) é utilizado por autoridades locais, estas devem prestar especial atenção ao as normas de liberdade de expressão e não se limitar a comentar arbitrariamente sobre o conteúdo postado ”. Observou-se que, quando os regulamentos do Facebook estão em jogo, Adam Bodnar fica desamparado e não pode ajudar.
No entanto, Browiński não desistiu e no verão do ano ado. com a ajuda da Rede Cívica, Watchdog Polska relatou ao Ministério Público a suspeita de que o presidente de Inowrocław havia cometido um crime de exceder seus poderes, através de um bloqueio nas redes sociais. Em dezembro do ano ado a denúncia foi rejeitada (o Ministério Público decidiu não iniciar uma investigação), mas o jornalista apresentou uma reclamação contra a decisão. Na primavera deste ano, eles serão examinados pelo tribunal de Inowrocław.
A Fundação Helsinque para os Direitos Humanos apóia o jornalista
Nesta fase, a Fundação de Helsinque para os Direitos Humanos juntou-se ao caso e apresentou uma petição amicus curiae. – Bloquear usuários nas redes sociais pelas autoridades públicas é uma violação do direito à informação e à liberdade de expressão. Até agora, os tribunais poloneses não tiveram a oportunidade de desenvolver uma norma relacionada a este problema – lemos nesta posição.
Em seu parecer, a Fundação destacou ainda que, no caso de bloqueio de cidadãos nos perfis oficiais das cidades, o conceito desenvolvido na jurisprudência americana dos chamados um fórum público designado. – O termo descreve um espaço controlado ou estatal que não é um fórum público tradicional, mas que o governo generalizou e reservou para discussão. As autoridades públicas ou pessoas no exercício de funções públicas não são obrigadas a criar tais locais, mas caso decidam designá-los, as declarações neste espaço também beneficiam da garantia da proteção da liberdade de expressão. Deve-se também salientar que, à luz dos padrões de Estrasburgo, a atividade fiscalizadora dos jornalistas cidadãos merece proteção reforçada contra interferências na liberdade de expressão. Como no caso dos meios de comunicação tradicionais, desempenham um papel fundamental no cumprimento dos direitos e na abertura do debate público – concluem os representantes da Fundação a sua posição.
O bloqueio de jornalistas nas redes sociais por políticos ou figuras públicas acontece de vez em quando. Em março do ano ado o atual candidato à presidência, Robert Biedroń, afirmou que estava bloqueando algumas pessoas no Twitter, incl. jornalistas não porque evitem perguntas desagradáveis, mas porque lutam contra o discurso de ódio. Em dezembro de 2019, alguns jornalistas e publicitários da mídia pública ficaram alarmados com o bloqueio no Twitter pela ganhadora do Prêmio Nobel – Olga Tokarczuk.