Na entrada postada por Donald Tusk em seu perfil oficial no Twitter, o atual presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro da República da Polônia em duas frases ele revisou nitidamente a regra atual do PiS em movimento, entre outros O isolamento internacional da Polônia, a questão da independência do judiciário ou o ataque do governo à mídia livre.
Alarme! Uma disputa acirrada com a Ucrânia, isolamento na União Europeia, afastamento do Estado de direito e independência do judiciário, ataque ao setor não governamental e à mídia livre – a estratégia do PiS ou o plano do Kremlin? Muito parecido para dormir profundamente.
– Donald Tusk (@donaldtusk) 19 de novembro de 2017
No Twitter, o post de Donald Tusk teve uma ótima resposta dos usuários, viveu para ver 3,7 mil respostas, sobre 2,6 mil ações e quase 9,5 mil gosta. O tweet também foi amplamente divulgado na internet e na mídia tradicional comentado por especialistas e políticos de todas as opções.
Alguns observadores da cena política polonesa são de opinião que, ao publicar o polêmico verbete Tusk, que anteriormente evitou avaliações abertas dos atuais governos poloneses iniciou uma campanha eleitoralem que pretende concorrer à presidência.
O serviço Wirtualnemedia.pl, por sua vez, decidiu buscar uma resposta para a pergunta se o fato de Donald Tusk ter escolhido o Twitter para a primeira declaração em muito tempo sobre a situação na Polônia poderia significar que na próxima luta política haverá uma mudança na hierarquia da mídia usada pelos políticos? A imprensa, o rádio e a televisão ficarão de lado, o canal mais importante para a realização de campanhas eleitorais? a internet e as redes sociais se tornarão?
Em discussões conosco, especialistas que lidam com a imagem dos políticos e o ecossistema de mídia social acreditam principalmente que nos próximos anos mudanças são esperadas e o ônus da luta política será transferido para a internetembora não aconteça da noite para o dia. Tal opinião é apresentada, entre outros, por Mirosław Oczkoś, especialista em imagem política.
– No futuro próximo a internet e as mídias sociais substituirão a mensagem tradicional (TV, rádio, jornais) por uma razão muito simples – há um grupo crescente de eleitores ou, para ser mais preciso, potenciais eleitores que só conhecem e reconhecem esta forma de comunicação – explica Mirosław Oczkoś. – Porque eles não têm TV em casa, e as cabeças falantes os aborrecem, porque esperam uma transmissão rápida e curta, porque são móveis e não precisam voltar para casa às 19h30, porque muitas vezes estão interessados em política ao procurar outras informações. Na Polônia, não as próximas eleições ainda, mas a presidencial, quem sabe. Políticos que não entendem serão transformados na lata de lixo da história e, de fato, você pode dizer que eles serão “desconectados”.
Segundo o especialista, atualmente poucos políticos poloneses entendem isso, e Donald Tusk mostra que sim. Se um único tweet desperta tais emoções e discussões, isso significa alguma coisa.
– Não basta escrever: “Tenha um bom dia, estou em Roma”, porque é uma vergonha – diz Oczkoś. – E mais uma coisa – muitos políticos na Polônia não entendem que, quando se sentam no sofá em casa e escrevem nas redes sociais, ainda estão no espaço público, e a correspondência com o “Forest Ruchadło” pode ser controversa (embora quem sabe, talvez nas próximas eleições presidenciais, “Ruchadło” vote na próxima eleição presidencial) ou, por exemplo, um copo de vinho após o qual eles não ir à TV ou rádio, não é um bom conselheiro na frente de uma tela de computador ou smartphone. Eles devem lembrar que uma postagem na Internet pode ser mais poderosa do que uma postagem na Internet 5 minutos na TV. Mas a “nova” mídia deve ser compreendida e conhecida, e então será uma arma poderosa.
Eryk Mistewicz, presidente do New Media Institute, autor do livro “Twitter – sucesso de comunicação em 140 caracteres. Segredos de narração para empresas, instituições e líderes de opinião “compartilha principalmente a opinião apresentada por Oczkoś.
– A mídia tradicional foi relegada a segundo plano há muito tempo – avalia Eryk Mistewicz. – A muito tempo atrás A mídia tradicional não foca a atenção das pessoas de relações públicas, pessoas que lidam com comunicação política profissional. Em outros lugares, eles são ativos, dando o tom para o destinatário e o remetente da comunicação política, outra coisa que importa na comunicação política. Enfim, vamos ver o que foi dito por alguns dias, o que foi analisado, com o que começam os serviços de TV e rádio e o que todo mundo que entra nos estúdios de TV ou rádio é obrigado a comentar: menos de 280 caracteres de Donald Tusk. Como se nada mais tivesse acontecido no espaço público por vários dias. Como se todas as entrevistas de políticos na mídia tradicional, para não mencionar suas coletivas de imprensa e aparições em emissoras de TV e rádio, não fizessem sentido algum. Todo mundo só fala sobre o post no Twitter.
Nosso interlocutor ressalta que antecipou esse processo há alguns anos, mas na época foi minimizado.
– Mas essa também é a direção natural da comunicação política – enfatiza Mistewicz. – O mais importante é a eficácia no marketing narrativo, ou seja, a criação de uma narrativa profissional e o uso ponderado das ferramentas da era das novas mídias. Bem pensado, o que não significa uso irracional do Twitter, geralmente é mais problema, problema do que bem.
O especialista aponta um tanto perversamente que um Tweet de Donald Tusk parou a Terra. Nada é importante no espaço público nos dias de hoje.
– Se alguém ainda não entendeu, se acha que nada mudou na comunicação política, no marketing, nas relações públicas nos últimos anos, que ainda deve colocar seus clientes na mídia tradicional, e a mídia social é apenas um acréscimo, e se mesmo que o evento não o convenceu, ou seja, simplesmente “pendurado” em uma era que há muito acabou – enfatiza Mistewicz.
Paweł Korzyński, especialista em e-Leadership da Universidade Kozminski, lembra o papel significativo que as mídias sociais desempenharam na política no ado e, ao mesmo tempo, aponta crescente importância do conteúdo de vídeo no segmento político das mídias sociais.
– As redes sociais nos EUA já desempenham um papel decisivo na eleição presidencial – enfatiza Paweł Korzyński. – As recentes eleições provam que é muito mais fácil para pessoas espontâneas que muitas vezes expressam emoções controversas encontrarem seu lugar nas mídias sociais. Hillary Clinton estava muito mais substancialmente preparada, sua equipe interagia com os usuários, o que, segundo minha pesquisa recente, é muito importante na construção de uma posição de liderança nas mídias sociais. Na política, porém, para “sequestrar multidões” com essas ferramentas, principalmente no curto prazo – e é aí que os políticos atuam antes das eleições – não basta a intensa atividade nas redes sociais. Você precisa de franqueza, espontaneidade e senso de momento.
De acordo com um especialista da Universidade Kozminski na Polônia, este também é o caso, o que notamos durante as últimas eleições presidenciais.
– Naquela época, o candidato presidencial, Andrzej Duda, usava muito melhor as redes sociais do que seu oponente – lembra Korzyński. – Fotos espontâneas com potenciais eleitores, comentários precisos e autênticos ajudaram muito na sua candidatura à presidência. Há uma grande probabilidade de que em alguns anos não seja texto ou fotos, mas conteúdo de vídeo que determinará uma campanha eficaz nas mídias sociais. Provavelmente não aqueles spots profissionais criados por agências interativas, mas gravados espontaneamente pelos próprios candidatos e seus assistentes – prevê Korzyński.
Łukasz Kubaszczyk, chefe de estratégia da Mint Media, destaca vários fatores que influenciam a crescente importância das mídias sociais na política polonesa.
– Existem várias razões para prever um aumento significativo do uso das redes sociais, e mais amplamente da Internet, nas campanhas eleitorais – enfatiza Łukasz Kubaszczyk. – Vamos começar gerando o alcance que é sempre importante na construção de consciência e intenção. A cada ano vemos um aumento no uso da internet entre a população. Em 2015, essa proporção era de 70%, mas a tendência de aumento ainda é visível – para comparação, o uso na República Tcheca é maior em até 23%. Ao mesmo tempo, as vendas da imprensa em 2016 diminuíram 8, 14 por cento, e o tempo médio de visualização de TV é de aprox. 2 minutos (z 4 horas e 24 minutos). Vale ressaltar que 2015 foi um ano recorde quando o assunto é assistir TV. Como mostram os dados acima, em um futuro próximo não haverá uma situação em que de repente acordaremos em um mundo onde os políticos estarão condenados apenas às mídias sociais.
Segundo o especialista, a segunda premissa importante é ótimas oportunidades para direcionar e personalizar a mensagem nas mídias sociais. – O exemplo da eleição dos EUA e da vitória de Trump mostra o potencial de uma campanha de mídia social bem projetada e executada. No auge, 150 mil. criação, cada uma personalizada para um segmento específico do público-alvo e com uma mensagem única.
Na opinião de Kubaszczyk, outro fator a favor das mídias sociais é a natureza das escolhas, que se caracterizam por emoções muito quentes, polarização e formação de influenciadores naturais. – Ao se engajar nas ideias e candidatos por eles apoiados, eles são um ótimo meio de comunicação e geram mídia conquistada de alta qualidade – explica nosso interlocutor. – Os meios de comunicação tradicionais têm possibilidades extremamente limitadas a este respeito. Para resumir – o uso das mídias sociais certamente aumentará, mas outra questão é se esse potencial será habilmente usado pelos políticos poloneses.
Sebastian Lipka, analista de desempenho do Catvertiser prevê isso em uma luta política uma mudança na hierarquia da mídia certamente ocorrerámas não vai acontecer da noite para o dia. No entanto, ele inicia seu comentário sobre o mercado publicitário.
– Acredito que as mudanças são inevitáveis. Isso é indicado por tendências já visíveis – diz Sebastian Lipka. – Durante a recém-concluída Social Media Week em Chicago, estimou-se que o gasto anual com publicidade em mídias sociais em 2021 chegará a US$ 101 bilhões, enquanto nesta se espera que se mantenha em US$ 36 bilhões. Algumas grandes marcas, especialmente aquelas com um grupo-alvo de jovens, mudam seus orçamentos de publicidade inteiramente ou em grande parte da mídia tradicional para a mídia social.
O especialista ressalta que as redes sociais dão a oportunidade de interagir com o destinatário e engajá-lo. Eles também permitem que você o conheça melhor, descubra do que ele gosta, o que o interessa e onde ele gosta de ar o tempo. Ele faz uma enorme vantagem para a nova mídia sobre a mídia tradicional.
– Na política, as coisas são um pouco diferentes – enfatiza Lipka. – Um grande número de eleitores nas pessoas de nossos avós ou pais não usam as mídias sociais, mas têm um impacto real nos resultados das eleições. Isso significa que os políticos ainda não podem desistir completamente do rádio ou da televisão. No entanto, em alguns anos a situação pode ser completamente diferente.
Anna Robotycka, sócia-gerente da FaceAddicted, analisa a possibilidade de dominar a mídia tradicional pelo Twitter ou Facebook na luta política de forma um pouco mais contida.
– Sabemos por experiência que as mídias sociais ainda são percebidos pelos políticos na Polônia como um espaço para percalços, crises potenciais, um lugar que precisa ser “preenchido” com conteúdo – aponta Anna Robotycka. – Ainda não chegamos ao ponto em que as redes sociais sejam um dos fatores tratados estrategicamente, ou seja, como ferramenta de construção da imagem e da carreira de um político. É uma pena, porque através desses canais você pode dizer mais do que “oficialmente” mudando o discurso do debate ou impondo suas declarações na mídia tradicional sem esperar pelo interesse deles. Além disso, no caso de novos canais, observa-se uma tendência crescente de se referir às declarações neles contidas e citá-las pela TV, rádio ou jornais. O caso das entradas de Donald Tusk mostra que essa abordagem (sondando, testando, chamando intencionalmente a atenção para a mídia tradicional) é a exceção e não o padrão – resume Robotycka.