A nova diretiva sobre direitos autorais no mercado único digital foi votada pelo Parlamento Europeu na semana ada. Os deputados do PiS votaram contra a introdução da lei, enquanto alguns deputados do PO votaram a favor da sua implementação, quatro se manifestaram contra a directiva e 10 deputados deste partido não participaram na votação.
As disposições aprovadas no PE foram avaliadas de forma diferente por especialistas que as comentaram no site Wirtualnemedia.pl. Alguns acreditam que a nova lei de direitos autorais é um o em direção a uma distribuição justa dos lucros online, para outros a legislação está atrasada e pode ser prejudicial.
Primeiro Ministro Morawiecki: Protegeremos os usuários da Internet por meio do ACTA 2
Em círculos contra a diretiva aprovada é frequentemente referido como ACTA 2 como um símbolo de regulamentação que visa restringir as liberdades online e introduzir mecanismos de censura na web. Esta narrativa cada vez com mais vontade, antes das eleições para o Parlamento Europeu, o partido Lei e Justiça e as actuais autoridades polacas apoiadas por este agrupamento.
A questão dos novos direitos autorais tornou-se um elemento importante da última convenção PiS organizada no sábado em Gdańsk. Tanto o presidente do partido, Jarosław Kaczyński, quanto o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, referiram-se à necessidade de defender a liberdade online.
Este último, falando na convenção, garantiu que o governo polonês está determinado a defender os usuários da Internet contra as tentativas de limitar suas liberdades, introduzindo uma nova diretiva.
– Pessoas da Coalizão Europeia, que têm a boca cheia de frases sobre a liberdade, votaram contra a liberdade na Internet – observou o primeiro-ministro Morawiecki. – Nós somos vamos tentar desparafusá-lo e implementá-lo para que haja tanta liberdade quanto possível. (…) Prometemos a todos os nossos grandes YouTubers, blogueiros, influenciadores, usuários de fóruns e todos os internautas que lutaremos pela liberdade de expressão na Internet – anunciou o chefe do governo.
🇵🇱 Prometo a todos os internautas que lutaremos pela liberdade na Internet, é um direito inalienável para nós. Nós estamos com você! 👍
Primeiro Ministro @MorawieckiM. #PolskaSercemEuropy # Convenção PiS # ACTA2 pic.twitter.com/zF46QWspQz
– Lei e Justiça (@pisorgpl) 30 de março de 2019
Não há arbitrariedade
Wirtualnemedia.pl perguntou a especialistas na área do direito sobre até que ponto as promessas do primeiro-ministro Morawiecki provavelmente serão cumpridas?. Até que ponto As autoridades polacas podem “desatarraxar” e implementar qualquer directiva que tenha sido aprovada de forma a não levantar objecções à União Europeia? Acontece que as promessas do chefe de governo podem acabar sendo exageradas. Prof. Robert Grzeszczak, da cadeira de Direito Europeu da Universidade de Varsóvia.
– Declaração do Primeiro Ministro é antes de natureza pré-eleitoral, mas pouco a ver com as possibilidades reais de sua implementação – avalia Robert Grzeszczak. – Pois bem, a transposição das diretivas para o direito nacional consiste no facto de o Estado emitir atos de direito nacional (no nosso caso, é um ato) e aplicar a diretiva desta forma (a data está indicada na diretiva).
Segundo nosso interlocutor, aqui não existe grande liberdade. Polônia deve introduzir, e fazê-lo de forma eficaz, padrões mínimos, normalmente a diretiva harmoniza (aproxima) minimamente, ou seja, estabelece quais parâmetros o país deve cumprir – por exemplo, no âmbito das concentrações permitidas de poluentes na água potável, no ar ou nos padrões de uso e proteção de atividades na Internet.
– O estado informa a Comissão Europeia sobre o método de implementação e se considera que houve irregularidades (por exemplo, alterar o significado e o objetivo da diretiva) pode intervir, primeiro suavemente – na forma de diálogo e advertências, e terminando com a reclamação perante o Tribunal – explica Grzeszczak. Ele também enfatiza que quando a diretiva já está implementada, os órgãos da istração pública e os tribunais que aplicam a lei resultante da implementação devem, cada vez, compará-los com as normas da diretiva e aplicá-los (interpretá-los) de forma que haja conformidade, e se não houver tal conformidade – é recusar-se a aplicar a legislação nacional que transpõe a diretiva e aplicar-se, se a disposição fornecida for adequada para tal, diretamente à diretiva e com base na sua solução para o caso específico.
Declaração errada e falsa
O advogado Piotr Schramm, sócio do escritório de advocacia GESSEL, avalia o anúncio do primeiro-ministro Morawiecki sobre a defesa da liberdade dos usuários da Internet e a liberdade de implementar a diretiva de direitos autorais com a mesma rigidez de Grzeszczak.
– O primeiro-ministro Mateusz Morawiecki é ou um caluniador ou um homem factualmente incompetente, ou também um cínico que não revela o verdadeiro objetivo do atual governo polonês – lista Piotr Schramm. – Se ele afirma que é possível não implementar e não aplicar as diretivas da UE na ordem nacional, uma coisa é certa – é uma declaração completamente errada e falsa e uma falsa tese do Sr. Morawiecki. Se ele não sabe disso – ele não deve ser primeiro-ministro por um dia. Se ele sabe, mas está mentindo para os cidadãos, o efeito da perda do cargo de primeiro-ministro também deve ser imediato.
Segundo o advogado, se o primeiro-ministro é um cínico que sabe que as directivas de acordo com o direito da União Europeia devem ser incorporadas (implementadas) na ordem nacional, porque são estes os rigores da União que nós próprios adoptámos ao aderir a ela, mas também sabe que o governo PiS não cumpre a legislação da União Europeia e não observará – como conseqüência, o governo PiS está se movendo em direção ao Polexit. Mas, cinicamente, especialmente agora no meio da campanha, ele diz o contrário.
– Então, no entanto, o poder deve perder não só o primeiro-ministro Morawiecki, mas todo o governo atual – diz Schramm. – O Tribunal de Justiça Europeu há muitos anos decidiu que a correta aplicação das diretivas é da responsabilidade de cada país da UE. A outra regra é que, no caso de um membro da UE não cumprir a obrigação de implementar as disposições da diretiva – o Tribunal de Justiça da União Europeia primeiro encontra uma violação da ordem jurídica da UE por parte do estado (neste caso Polônia), e no próximo julgamento (no segundo processo) – um montante fixo de sanção e uma multa são impostos a um país que viola a legislação da UE. Portanto, vamos responder honestamente à pergunta: a PiS Poland está fazendo todo o possível para deixar a União Europeia em termos de fatos e ações, e não de palavras em comícios eleitorais? Infelizmente, a resposta é – sim, é exatamente aqui que a Polônia está concorrendo. Esses são os fatos jurídicos e reais, enfatiza Schramm.